O jornal O Globo desta segunda-feira, 05, trouxe uma matéria realizada com Selena Gomez durante o evento promocional de “Hotel Transilvânia 2”, em Cancún. Confira abaix:
CANCÚN — Para quem até outro dia era uma jovenzinha de traços púberes que despontou como atriz e cantora em programas de TV da Disney, a capa da edição especial do novo disco de Selena Gomez deixa bem claro que sua atitude mudou. No álbum, seu segundo solo, intitulado “Revival” e com lançamento nesta sexta, a americana de 23 anos aparece sentada no chão, completamente nua, com as pernas cruzadas e os longos cabelos negros escondendo os seios.
O primeiro single de “Revival” é “Good for you”, em que Selena canta que usa um vestido apertadinho, faz um coque no cabelo e “sincroniza sua pele aos batimentos do coração”, tudo isso para ficar “bonita para você”. E quem é o você? Talvez um dos 33,4 milhões de seguidores que a moça tem no Twitter? Ou um dos milhões de espectadores que já pagaram US$ 83 milhões para assistir a “Hotel Transilvânia 2”, o mais recente filme da moça, em cartaz há duas semanas no Brasil?
— As pessoas costumam achar que a gente é forçada a se tornar uma estrela infantil. Até mesmo cineastas, músicos ou roteiristas perguntam: “Você tem identidade? Seus pais a obrigam a fazer isso?” — contou Selena. — Então acho que, quando eu completei 18 anos, estava desesperada para provar que tenho voz própria. Não gostava que as pessoas achassem que eu era uma pessoa unidimensional, enquanto tenho vários lados para mostrar.
No filme, a atriz mais uma vez dubla a protagonista Mavis, uma vampirinha filha do próprio Conde Drácula (voz de Adam Sandler) e que casa com um humano (voz de Andy Samberg).
— O filme é sobre monstros e humanos, mas o que isso pode representar na vida real? Eu acho que é especial poder conversar com as crianças sobre ser diferente e ensinar a aceitar as diferenças — filosofa a atriz.
A carreira de Selena tem vários momentos em que suas diferenças se tornaram uma vantagem. Ela nasceu no Texas, e seu sobrenome evidencia a origem mexicana, um trunfo num mercado em que nomes como Shakira, Christina Aguilera e Rihanna são adorados.
Como atriz, após a fase de estrela mirim da Disney, seu papel de mais peso foi no filme “Spring breakers” (2012), produção dirigida pelo ousado Harmony Korine, em que Selena passa quase todo o tempo vestindo apenas um biquíni — certamente um passo adiante para quem posava para comportadas fotos ao lado do Mickey. Em paralelo ao cinema, Selena manteve seu trabalho na música. Ela deixou para trás o grupo pop Selena Gomez & The Scene e adotou uma postura mais madura ao lançar, em julho de 2013, o disco solo “Stars dance”. Agora, com “Revival”, a maturidade fica mais evidente ainda na foto da capa e no discurso.
— Eu gosto de assumir minha sensualidade. Sou uma mulher jovem e adoro me sentir sexy — diz ela, alvo de muitos paparazzi. — Quando se trata do meu dia a dia, fico feliz que apareçam fotos terríveis na internet. As pessoas geralmente me veem toda maquiada, mas não sou assim o tempo inteiro.
As gravações do novo disco começaram no fim de 2014, depois de um período conturbado: idas e vindas nem sempre amigáveis com o ex-namorado Justin Bieber e um período numa clínica de reabilitação, por motivos não revelados.
Passada a turbulência, ela viajou para a Cidade do México, alugou uma casa e se trancou com compositores e rappers para transformar seus sentimentos em canções. O título “Revival”, portanto, é apropriado.
— Eu tinha muito a dizer nesse disco. Pude passear pelo México e usei alguns sons que descobri por lá — afirma. — Agora eu sei porque é tão especial ter Gomez no sobrenome. Sei o que isso significa para pessoas que às vezes acham que não podem ter sucesso só por causa de suas origens.