Como é de costume nesta época do ano, a renomada revista Billboard divulgou a lista final com as 100 melhores músicas do ano de acordo com a crítica especializada. Na lista, que conta com artistas como Lady Gaga, Jay-Z, Justin Bieber, Beyoncé e outros nomes da música, Selena Gomez conquistou duas posições: #39 com It Ain’t Me, sua parceria com o DJ Kygo, lançada em fevereiro deste ano, e também conquistou a primeira colocação com seu single solo Bad Liar, lançado em maio deste ano. Confira os cometários da publicação:
39. Kygo feat. Selena Gomez, “It Ain’t Me”
Nenhuma outra música de Kygo ressoou tanto na audiência pop como It Ain’t Me, uma batida mid-tempo tropical estelar em colaboração com Selena Gomez, que deu ao DJ seu primeiro top 10 na Billboard Hot 100. Gomez canta sobre um amor que não deu certo, perguntando: “Quem vai acordar pra te levar pra casa quando você estiver bêbado e abandonado?” com a resposta: “Não serei eu“. A sonoridade madura foi um novo território para Gomez e ajudou 2017 ser um grande ano para os dois artistas.
1. Selena Gomez, “Bad Liar”
Imagine ler esta notícia cinco anos atrás: “Selena Gomez utiliza sample de Psycho Killer (Talking Heads) na Melhor Canção do Ano”. O diferencial de Bad Liar é um testemunho da forma como Gomez está em constante amadurecimento com sua abordagem pop desde o dia que começou a assinar sozinha seus álbuns, deixando para trás o “& the Scene“. Seu álbum Revival, lançado em 2015, mostrou um refinamento contínuo de sua técnica vocal, mas Bad Liar cortou todo o caminho até aqui: Gomez flutua através de sílabas e repete suas próprias afirmações para demonstrar a vulnerabilidade que ela sente em torno de sua paixão. Ela também não perde a mão quando, suspirando, ela admite: “oooh, você está roubando um pedaço da minha mente“, com cuidado para não lamentar, mas apertando os dentes como quando alguém revela um profundo segredo. É uma performance de comando, cheia do tipo de nuance que a maioria dos cantores passariam um sufoco ao usar seus pulmões para cantar; Gomez é creditada como uma das compositoras, juntamente de Julia Michaels e Justin Tranter, que sabem exatamente o tipo de canto que ajudam Selena a se destacar.
Mas então, há essa amostra, uma rasteira de graves que se tornou um ícone no catálogo de Talking Heads e ajudou a ressaltar o medo impróprio de seu primeiro hit single, há 40 anos. Em ambos, Psycho Killer e Bad Liar, fornece uma base de ansiedade – mas, enquanto David Byrne passa esse nervosismo sobredimensionado e caricato em Killer, Gomez transforma a tensão através de linhas como “seu toque é como uma pílula de felicidade/mas ainda sim, tudo que fazemos é ter medo“. Ela não pode deixar de tentar construir um final feliz, mesmo quando não é possível. Byrne co-assinou publicamente Bad Liar, que, entre outros fatores, honra o que Talking Heads criou em sua música – que pop pode ser bizarro e irresistível ao mesmo tempo, seja jogado no CBGB em 1977 ou no top 40 em 2017.
Dito isto, Bad Liar não foi um enorme sucesso em 2017; não foi mesmo o maior sucesso de Gomez (It Ain’t Me, seu single com Kygo, mirou no centro do pop moderno e dominou as rádios). No entanto, Bad Liar foi a canção mais interessante e agradável no top 40 das rádios deste ano, um pequeno momento estranho de melodia frustrada e romance imperfeito que pode revelar-se um ponto alto na carreira cada vez mais fascinante de Gomez. No papel, Bad Liar não faz muito sentido, mas é por isso que não existe isso de “no papel”.
Fonte: Billboard