O site da Slant Magazine fez uma resenha sobre o novo álbum de Selena Gomez, Revival. Confira a tradução abaixo:
A alegação de F. Scott Fitzgerald que não há segundos atos na vida de um americano foi desacreditada inúmeras vezes nos últimos 75 anos, não só por seu próprio sucesso literário depois de ter largado a faculdade mas também ao tentar se reinventar como um homem de anúncio. Mas quem poderia representar as infinitas potencialidades do sonho americano melhor que a princesa da Disney que se tornou uma cantora do pop adolescente que faz filmes indie? Selena Gomez, que conquistou tudo isso até seus 23 anos, a mesma idade que Fitzgerald publicou seu primeiro romance, teve muitos auges como uma estrela do pop, mudando sua marca para uma artista solo depois de três álbuns como Selena Gomez & the Scene.
O quinto–sim, quinto álbum de Gomez, o muito bem titulado Revival, representa uma nova transformação. “I’m reborn in every moment, so who knows what I’ll become?” diz ela durante a introdução da faixa. “It’s my time to butterfly,” ela continua cantando, a palavra “butterfly” servindo como um verbo intransitivo. Enquanto no mundo das artistas femininas a metáfora de que emerge de um casulo, e o conceito de maturidade em geral, geralmente é análogo ao guarda-roupa da outra (como certamente é nesse caso, com Gomez posando nua na capa do álbum), há uma nudez emocional durante toda as letras também.
A abordagem de Gomez a um assunto mais sério, seja com uma tomada refrescante e sincera sobre um tema bem falado (“Sober”) ou com sua postura assumidamente anti-feminista com o primeiro single “Good for You,” encarna uma sofisticação recém-descoberta. O ciúme e a infidelidade são temas comuns na música pop, mas a obsessão de Gomez, seu desespero para entender o que ela supostamente carece, sangra em uma fantasia Sapphic em “Perfect.” Sua rival não é alguém para ser ressentida ou invejada, mas abraçada, como dito: “I can taste her lipstick, it’s like I’m kissing her too…With the smell of her perfume, I could love her too.”
Apenas “Body Heat” e “Me & My Girls” aderem ao modelo sujo de festa, mas até nelas seus contagiantes ganchos e batidas insitentes fazem com que seja difícil resistir (o ritmo pulsante e o bronze da ex-estrela florescendo dão a canção sobre poder feminino um estilo de filme de ação). Música por música, Revival é rival do Emotion da Carly Rae Jepsen como melhor álbum pop deste ano, mas se ambos tem pouca qualidade, é por causa da falta de originalidade. Os assobios em “Kill Em with Kindness” lembram a recente “Ghost Town” de Adam Lambert; a flauta de “Nobody” é muito parecida com a de “The Edge of Glory” da Lady Gaga; “Same Old Love” é dominada pela evidente presença de Charli XCX, que co-escreveu a música e faz voz de fundo no refrão.
E mesmo assim, todas essas são músicas que se destacam. Max Martin infunde “Hands to Myself” com sua marca Nordic dance-pop, mas curiosamente, a perfomance vocal de Gomez é, inteligentemente, mais para Robyn do que para Britney (ambos trabalharam com Martin). Isso, mais do que qualquer coisa, prova que Gomez pelo menos tem bom gosto. Para genereosamente parafrasear Fitzgerald de novo, successo é uma linda menina que sabe como usar suas cartas.