Engajada nas causas sociais, Selena é destaque quando se trata da questão da crise migratória que os EUA enfrentam. Desta vez, a cantora escreveu acerca do assunto para a edição de abril da Vogue Arabia. O artigo foi divulgado na manhã desta terça-feira (7). Confira abaixo:
Nossa herança determina grande parte de nosso ser: quem somos, como somos e, frequentemente, como nos sentimos. Para Selena Gomez, seu passado diversificado enriqueceu sua jornada. Em 1975, membros de sua família emigraram para do México para os EUA, atravessando a fronteira escondidos na traseira de um caminhão. Sua história a estimulou em seu papel de produtora do documentário Living Undocumented, da Netflix, que segue oito famílias migrantes não documentadas, revelando o alto custo que muitos pagam para tentar viver o sonho americano. Aqui, ela compartilha exclusivamente sua história.
“Decidi trabalhar em Living Undocumented porque queria ser uma voz para pessoas que não podem ou têm medo de falar sobre isso. Foi tudo muito pessoal para mim. Meus próprios avós são imigrantes e decidiram vir para os EUA. Por meio da decisão deles, finalmente recebi a vida que tenho, e ouvir todas essas histórias me fez sentir incrivelmente abençoada pela chance que tive.
As histórias de cada família me emocionaram. Todos nós lemos as manchetes sobre imigração, mas são pessoas com histórias, não manchetes. Era hora de ouvir suas difíceis histórias e como as vidas dessas pessoas estão sendo afetadas pelas políticas de imigração. Sem consciência, não podemos ver mudanças, e minha maior esperança em tudo isso é que possamos ver mudanças.
Obviamente, nasci nos EUA, mas me identifico como uma mulher latino-americana e estou incrivelmente orgulhosa de ser as duas. Minha família escolheu deixar o México para ir em busca do sonho americano. Na década de 1970, minha tia atravessou a fronteira escondida na traseira de um caminhão. Meus avós os seguiram e meu pai nasceu nos EUA. Se eles não tivessem escolhido transformar o país em sua casa, as coisas teriam sido muito diferentes para mim. O México sempre será o México, e existem enormes comunidades mexicanas nos EUA, porém deve ter sido difícil para meus avós, que deixaram sua casa”.
”É importante lembrar que nosso país foi formado por quem veio de outros países”.
“Meus pensamentos sobre a vida na América de Donald Trump? Eu disse que não pretendo ser um especialista e entendo que deve haver regras e regulamentos, mas temos que fazer melhor do que estamos fazendo; simplesmente precisamos. Espero que ainda possamos oferecer o sonho americano. Espero que ainda possamos oferecer às pessoas uma vida melhor. É muito importante lembrar que nosso país foi formado por quem veio de outros países.
Como lidamos com a imigração enquanto país fala sobre quanta compaixão e empatia temos como país. Uma coisa que eu vi é que a imigração vai além da política e dos debates políticos, é uma questão humana. A imigração é um tópico complexo e não será resolvido em um dia. Uma das maiores coisas que aprendi é que essas pessoas precisam e merecem ser ouvidas. Eles não são uma estatística, são pessoas com histórias reais.
É comovente o fato de muitos serem deportados, pois os EUA são sua casa. O lugar em que trabalham, vivem, onde estão suas famílias e amigos. Em muitos casos, eles estão sendo enviados de volta para um país onde não estão há muitos anos e onde talvez não tenham mais nada.
Eu quero que esses imigrantes e refugiados saibam que há pessoas lutando por eles, há pessoas que os ouvirão e há aqueles que estão prontos para lutar por mudanças. Através do documentário, aprendi que as pessoas são realmente inspiradoras. Essas famílias têm muita coisa acontecendo em suas vidas, mas ainda encontram forças para continuar.
Sabemos que a vida nem sempre será simples e, por isso, é tão importante se cercar de pessoas em quem você pode confiar. Você é quem você se cerca, razão pela qual devemos nos cercar de pessoas que nos elevarão quando precisarmos”.