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Equipe SGBR
01 out.2019

Na tarde desta terça-feira (1), foi divulgado um artigo que Selena escreveu para a renomada revista TIME, abordando a crise migratória com a qual os Estados Unidos se deparam atualmente. A publicação da matéria antecede a estreia de “Living Undocumented”, documentário da Netflix que tem a atriz como produtora executiva e retratará a vida de oito famílias imigrantes no país. Confira o texto traduzido a seguir:

Na década de 1970, minha tia atravessou a fronteira do México para os Estados Unidos escondida na traseira de um caminhão. Meus avós vieram em seguida e meu pai nasceu no Texas logo depois. Em 1992, nasci cidadã dos EUA graças à bravura e ao sacrifício deles. Nas últimas quatro décadas, membros da minha família trabalharam duro para conquistar a cidadania dos Estados Unidos. A imigração sem documentação é uma questão sobre a qual penso todos os dias, e nunca esqueço o quanto sou abençoada por ter nascido neste país graças à minha família e à bondade das circunstâncias. Mas, quando leio as manchetes das notícias ou vejo debates sobre a fúria da imigração nas mídias sociais, sinto medo por aqueles em situações semelhantes. Sinto medo pelo meu país.

A imigração é uma questão política divisora. É assunto de discussões sem fim e inúmeras notícias. A imigração, porém, vai além da política e das manchetes. É uma questão humana, afetando pessoas de verdade e desmantelando vidas reais. O modo como lidamos com isso fala à nossa humanidade, nossa empatia, nossa compaixão. A forma como tratamos nossos semelhantes define quem somos.

Não pretendo ser uma especialista. Não sou alguém da política, não sou doutora (no assunto) e não trabalho no sistema. Entendo que é falho e que precisamos de regras e regulamentos, mas também precisamos lembrar que nosso país foi formado por pessoas que vieram de outros países. É hora de ouvir as pessoas cujas vidas estão sendo diretamente afetadas pelas políticas de imigração. É hora de conhecer as pessoas cujas histórias complexas foram reduzidas a manchetes básicas.

Em 2017, fui abordada sobre me envolver em uma nova série documental chamada “Living Undocumented”, que traria à tona a vida de oito famílias de imigrantes nos EUA de diferentes países e origens, todas enfrentando uma possível deportação. Eu assisti a cenas descrevendo suas jornadas profundamente pessoais e chorei. O documentário capturou a vergonha, a incerteza e o medo com que vi minha própria família lutar. Mas também capturou a esperança, o otimismo e o patriotismo que muitos imigrantes sem documentação ainda têm em seus corações, apesar do inferno pelo qual passam.

No mês passado, conheci três dos jovens documentados na série: uma Sonhadora chamada Bar, cuja família deixou Israel quando ela tinha seis meses para escapar da violência em Tel Aviv, e os irmãos Pablo e Camilo Dunoyer, cuja família fugiu da Colômbia em 2002 para pedir asilo, quando sua família foi repetidamente ameaçada por narcoguerrilhas – ameaças que sua família ainda recebe até hoje.

Bar me disse que queria estudar design de interiores. Ela também me contou que viveu com medo a vida toda. Uma semana antes de nos conhecermos, ela havia sido violentamente assaltada, mas tinha medo de chamar a polícia. Ela não queria que eles descobrissem que seus pais não tinham documentos e os denunciariam ao ICE.

Pablo foi aceito na Universidade Estadual de San Diego. Mas ele não pode ir porque, em agosto, seu pai, Roberto Dunoyer, saiu para o trabalho e nunca voltou para casa. Ele foi detido pela ICE, mantido em uma gaiola com outros imigrantes, que dormiam no chão apenas com cobertores de alumínio para se aquecer. As luzes permaneciam acesas durante todas as horas do dia. Pablo disse que nunca ouviu uma dor assim na voz de seu pai e está preocupado por continuar com essa dor pelo resto da vida. Depois de oito dias terríveis, Robert foi deportado para a Colômbia. Desde então, os irmãos estão escondidos. Eles não podem ir para casa e raramente dormem à noite. Eles temem que o tempo esteja acabando. Camilo me disse que seu maior medo não é ser deportado, mas, sim, ser esquecido e se tornar outra estatística sem rosto.

Estou preocupada com a forma como as pessoas estão sendo tratadas no meu país. Como uma mulher mexicana-americana, sinto a responsabilidade de usar minha plataforma para ser uma voz para pessoas que têm muito medo de falar. E espero que conhecer essas oito famílias e suas histórias inspire as pessoas a serem mais compreensivas e a aprenderem mais sobre imigração para formar sua própria opinião. Espero que Bar comece a estudar design de interiores. Espero que Pablo e Camilo possam voltar para casa e dormir à noite.

Quando entrei para a produção executiva de um programa sobre imigrantes sem documentação, não pude deixar de imaginar as críticas que eu possa enfrentar. Contudo, a verdade é que a pior crítica que posso imaginar ainda não é nada comparado ao que os imigrantes sem documentação enfrentam todos os dias. O medo não deve impedir-nos de nos envolver e nos educar sobre um problema que afeta milhões de pessoas em nosso país. O medo não impediu minha tia de entrar na traseira do caminhão. E, por isso, sempre serei grata.

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