A figurinista indicada ao Emmy, Dana Covarrubias, compartilhou segredos sobre os podcasters mais bem vestidos do Upper West Side.
O grande sucesso do Hulu, Only Murders in the Building, é um dos programas de TV mais divertidos do momento, além de um dos mais estilosos.
O show é estrelado por Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez como vizinhos de Nova York que criam um podcast sobre crimes reais investigando um assassinato em seu icônico prédio de apartamentos no Upper West Side (com o Belnord da vida real na West 86th Street substituindo o fictício Arconia). Na segunda temporada, os papéis se invertem, pois o trio se torna alvo de uma investigação de assassinato. Eles fazem tudo isso enquanto exibem uma coleção impressionante de roupas.
A comédia mais assistida no Hulu, que Decider chamou de “uma carta de amor à vizinhança”, acaba de ser renovada para uma terceira temporada e recebeu uma série de indicações ao Emmy – incluindo Melhor Série de Comédia, Ator Principal (para Martin e Short), e Trajes Contemporâneos Excepcionais. Os fãs se sintonizam com a química entre os protagonistas, os mistérios dos mistérios e o estilo impressionantemente curado do Upper West Side.
Com o final da segunda temporada da série indo ao ar em 23 de agosto, Bloomberg conversou com a figurinista Dana Covarrubias. Ela falou conosco por uma video chamada na parte de trás de um caminhão de figurinos sobre como organizar um guarda-roupa de outono tão estiloso quanto o da personagem de Gomez, Mabel, onde ela encontra cachecóis e jaquetas de grife para o Oliver de Short, suas homenagens a Alfred Hitchcock e sobre segredos escondidos nas roupas.
Estamos em agosto e ainda está muito calor, mas estamos chegando na temporada de suéteres e as malhas são quase o quarto personagem principal da série. Que conselho você daria para as pessoas que querem se vestir como Mabel neste outono?
DC: A chave para o estilo de Mabel é a mistura de aconchegante e poderoso – é tudo sobre encontrar bons vintages, especialmente nos dias de hoje em que temos muito desperdício acontecendo. Então você se torna automaticamente único, ninguém vai ter aquela peça que você tem. Eventualmente, você constrói este armário incrível onde você tem grampos, sua bota preta grossa que você compra na Bloomingdale ou algo assim, mas você mistura com seus interessantes suéteres vintage. Nem tudo que Gomez usa é vintage, obviamente, mas tentamos dar essa vibe. Ela veste algo aconchegante em cima, mas depois combina com uma saia fofa e Lug Boots.
Então você pensa em sustentabilidade quando está planejando?
DC: Sim, definitivamente. É uma grande preocupação. É muito difícil na indústria cinematográfica porque precisamos de muitas unidades de roupas para quando as coisas ficam sangrentas ou quando alguém tem um dublê ou algo assim; você tem que ter cinco da mesma camisa, ou cinco da mesma bota, cinco da mesma calça. E fica caro. Então, usamos Zara e H&M e esses tipos de lojas para que possamos comprar cinco de alguma coisa. Mas eu tento fazer de segunda mão ou consignação o máximo que posso.
Voltando à primeira temporada, as roupas de Mabel são icônicas – desde o momento em que você a vê pela primeira vez com o casaco amarelo e as calças xadrez, você sabe instantaneamente quem ela é. Como você conseguiu a visão para isso?
DC: Usamos muito xadrez, o que leva para casa a vibe de detetive do show e a vibe quase acadêmica do Upper West Side. E nós queríamos que ela realmente se destacasse e aparecesse, para realmente contrastar o xadrez, com algo jovem e legal que não é normal de se montar, de modo que quando você olha para isso, você fica tipo, “uau, ela colocou isso e achávamos que não ia dar certo.” E apenas dá certo.
Quando estou lendo um roteiro, ouço músicas que acho que vão me inspirar e me colocar nesse mundo. Para Gomez, eu escutei essa incrível artista mexicana, Natalia Lafourcade. Todas as músicas dela são lindas.
Você também usa muito a cor de calêndula nela.
DC: Essa é a cor do poder dela. Eu estava tentando pensar em algo que não fosse muito exagerado, mas que ainda pudesse ser um aceno para a cultura e herança mexicana de Selena e Mabel. A calêndula desempenha um papel significativo na iconografia mexicana e também simbolizava tudo o que fazia sentido para Mabel como personagem em termos de sua criatividade, perda e tipo de renascimento. Na primeira temporada, ela está constantemente lidando com essa perda que ela teve em seu passado e está de luto e esse peso está em suas costas, mas então ela está nesse processo de tentar renascer e tentar superar o que aconteceu. E ela é uma artista, ela tricota, ela é uma pintora.
Nós também temos dois colares que ela usa o tempo todo e eles têm pequenos calêndulas neles – é um pequeno segredo escondido.
Eu amo o que você fez com o personagem do diretor da Broadway de Martin Short, Oliver Putnam – todos os cachecóis e as jaquetas que ele usa. Onde você encontra esses?
DC: Tudo, tudo. Usamos TheRealReal.com – é ótimo para marcas de grife de segunda mão. Temos a maioria de seus lenços lá. E então para seus blazers e casacos, pesquisamos muito no Suitsupply. Esse é um dos meus designers favoritos para Martin Short porque ele tem um tamanho específico, e eles têm uma grande variedade de tamanhos, e suas coisas são realmente lindas.
É mais desafiador vestir o personagem de Steve Martin porque seu personagem é mais reservado e suas roupas não mudam tanto?
DC: É meio divertido – eu sempre acho que é mais empolgante ser criativo quando você recebe um parâmetro muito apertado, porque então você pode trabalhar com isso e tentar ser o mais criativo possível dentro do parâmetro. Então eu amo que temos esse visual muito claro e repetitivo para ele.
Fizemos uma coisa na segunda temporada que não sei se alguém notará, mas foi a versão de seu personagem de tentar algo novo. Ele usa seu chapéu o tempo todo, e na primeira temporada ele estava sempre usando uma faixa de chapéu que combinava com o chapéu. Se fosse um chapéu azul, era uma fita azul no chapéu, por exemplo.
Para a segunda temporada, queríamos mostrar que ele está começando a sair um pouco de sua concha – então fizemos faixas contrastantes. Colocamos uma faixa de chapéu que tem listras pequenas, tipo, sutis, mas adiciona um pouco mais de cor ao seu visual. E é um pouco mais de uma escolha de moda ousada que mostra que seu personagem está tentando sair mais da caixa. Então encontramos maneiras de nos divertir com sua fantasia.
Temos alguns ótimos novos personagens na segunda temporada – um é interpretado por Shirley MacLaine, que tem esse incrível e rico estilo nova-iorquino – onde você encontrou sua inspiração para os figurinos dela?
DC: Estou obcecado com este blog chamado Advanced Style. São basicamente todos esses octogenários de todo o mundo que têm um estilo inacreditável. Usei muitas mulheres desse blog como inspiração para o look da Shirley.
E você se mudou do Upper West Side para o Brooklyn para a personagem de Cara Delevingne, Alice. Como foi essa transição para você?
DC: Foi muito divertido porque eu morei no Brooklyn por muito tempo, e a maioria dos shows que eu faço são mais voltados para jovens artísticos do Brooklyn. Foi divertido voltar a esse mundo.
Tínhamos dois looks diferentes para Alice, porque ela também não é apenas uma artista, mas é a chefe da galeria. Tivemos uma vibe em que é mais prático, se ela estiver trabalhando em sua arte naquele dia. E eram pequenas regatas, calças cargo e macacões com botas e suas joias incríveis – todas as joias eram joias pessoais de Cara. Ela trouxe peças incríveis que conseguimos incorporar em seus figurinos.
E então tivemos seus looks de festa e de galeria, e tudo isso é um pouco mais sofisticado, mas ainda legal, moderno e jovem. Nós a colocamos em blazers, mas sem camisa por baixo. Nós queríamos que ela tivesse uma aparência de mulher poderosa, mas ainda assim a mantivesse jovem e legal.
Eu vi que você falou sobre como alguns dos figurinos da segunda temporada foram inspirados em Hitchcock – o casaco branco que Kim Novak usa em Vertigo, por exemplo. Você pode me falar mais sobre as inspirações hitchcockianas aqui – é um programa de detetives.
DC: Entre as duas temporadas, houve uma festa de estreia da primeira temporada, e o showrunner John Hoffman me deu uma pequena dica de que a segunda temporada teria algum episódio inspirado em Hitchcock. Eles acabaram não fazendo isso, mas eu fiquei tão empolgada com a ideia, então peguei e corri. Eu assisti a todos os filmes de Hitchcock que pude e li biografias de Hitchcock, e achei que seria uma inspiração de paleta de cores perfeita para esta temporada. E não apenas em Mabel, mas em quase todos os personagens.
Tematicamente, fizemos muito branco, escuro e claro, e usamos muitas grades – no início de North by Northwest, há todo um design de grade que acontece. E então incorporamos muitas grades nos figurinos, nos padrões de tecido.
The Hardy Boys foi minha inspiração de paleta na primeira temporada, e na segunda, é Hitchcock. Estou curioso na terceira temporada com o que vamos inventar – para ver que outro mistério será a inspiração.
Você já tem alguma pista sobre isso?
DC: Não sei, mas estou ansiosa para entrar!
Matéria original postada pelo site Bloomberg.
Tradução e adaptação: Eduarda Altmann.
