Em dezembro de 2017, quando ainda estava loira, Selena Gomez foi fotografada e entrevistada por Katherine Langford (13 Reasons Why) para a capa de março da revista Harper’s Bazaar. A entrevista completa e algumas imagens do shoot foram divulgadas. Confira:
Aos 25 anos, Selena Gomez enfrentou seus obstáculos compartilhados e emergiu mais forte do que antes. Ela conta à Katherine Langford—estrela da série Os 13 Porquês produzida por Gomez na Netflix—o que ela tem aprendido ao longo da caminhada.
KATHERINE LANGFORD: Qual é a melhor parte de ser uma artista em 2018?
SELENA GOMEZ: Eu sinto que se tornou um lugar muito mais seguro para expressar suas preocupações ou até apenas de ter o direito de falar, você sabe, “Eu não tenho certeza de que me sinto confortável nesse ambiente”. Em um nível pessoal, tendo feito isso desde que eu tinha sete anos, é provavelmente o momento em que me sinto mais confortável. Até em audições eu sinto que estou bem mais confiante do que eu estaria no passado. Eu não estou focada nas coisas que eu costumava focar, como “Eu pareço adulta o suficiente? Eu pareço sexy o suficiente? Eu pareço legal o suficiente? Eu sou legal o suficiente, elegante o suficiente?” Esse tipo de coisa vinha na minha mente, mas agora eu me sinto um pouco mais livre.
KL: Você ficou famosa no início da sua adolescência. Tem alguma coisa que você sente que perdeu?
SG: Eu passei provavelmente muito tempo pensando sobre como a minha vida poderia ser, então agora eu tento apenas ter um senso de gratidão por como ela é. Eu nunca quis ser o tipo de pessoa que é como “Ah, eu gostaria de ter uma vida diferente”. Isso é mais ou menos o modo como isso funcionou para mim. Eu estou em um ponto onde eu sei o valor da minha privacidade e eu entendo como o sistema funciona, e assim que eu percebi e aceitei essa parte eu me tornei um pouco mais destemida. Eu vejo isso como um pequeno preço por ser capaz de ter a vida que eu tenho agora.
KL: Essa é a Harper’s Bazaar, então nós precisamos falar de moda. Você é uma menina de sapatos ou bolsas?
SG: Oh, os dois, e eu sempre fui. Até mesmo quando eu era mais nova e usava mochilas, eu ficava tão animada para ter a da Betsey Johnson. Era muito mais animador para mim do que roupas. E eu absolutamente amo sapatos legais. Eu sempre senti que o que eu vestia não importava a menos que eu tivesse um par de sapatos legais para combinar.KL: Qual foi sua primeira compra chique?
SG: Uma bolsa para laptop da Louis Vuitton assim que eu recebi o primeiro cheque da minha vida em meu nome. Eu lembro de sentir medo de estragar e de fingir que eu era uma empresária que precisava carregar um monte de coisas importantes, mesmo que fossem só meu batom e meu laptop.
KL: Você cresceu muito em termos de moda. Como você descreveria sua vida pessoal?
SG: Definitivamente casual, mesmo quando não estou trabalhando parece que estou trabalhando [risos].
KL: Você é a desbancável rainha do Insta, é claro. Como você define limites entre vida pública e privada?
SG: Eu tenho uma relação complicada com o Instagram, pra dizer o mínimo. Isso tem me dado voz em meio à tanto barulho de pessoas tentando narrar minha vida particular por mim e dizer: ”Ei, eu vou postar isso e vai dar conta de 1.200 stories de pessoas que se dizem interessadas mas não são e nem verdadeiras são.” Então isso me empodera na questão que são minhas palavras, minha voz e minha verdade. A única coisa que me preocupa é o valor que as pessoas da nossa idade colocam em uma rede social. É uma plataforma incrível, mas de algum jeito está colocando várias pessoas jovens, me incluindo, numa falsa representação do importante. Então sim, uma relação complexa, provavelmente uma das mais difíceis que já tive.
KL: O que é uma típica noite de sábado pra você?
SG: Isso depende, se eu estiver no humor irmã, eu estarei com a minha irmã, Gracie. Ela é mais madura que eu em vários aspectos e ela tem quatro anos [risos]. Se eu quero sair com meus amigos, eu realmente não vou em locais tendências, então as pessoas sabem que não devem me convidar pra esses lugares porque não vou querer ir. Gosto de ir à bons restaurantes. Também sou adepta à Chili. Amo ir ao Chili e pedir chips e queijo. Também amo dançar. De verdade. Amo parecer uma boba com meus amigos.
KL: Quão importante é sua raiz mexicana?
SG: Extrema, eu me vejo no espelho todo dia e penso ”Cara, queria saber mais espanhol”. Nunca vou esquecer quando eu estava na série dos Feiticeiros, acho que eu tinha 15 ou 16. Nós fazíamos aquelas filmagens todas as sextas e uma sexta em específico tinha uma mãe solteira com quatro filhos. Ela era latina, e antes ela tinha vindo até mim chorando. Os filhos dela estavam muito ansiosos mas minha atenção foi para a mãe, então a abracei e perguntei ”Você está bem?” e ela estava tipo ”É muito incrível pras minhas filhas verem que uma mulher latina pode estar em sua posição e de tornar seus sonhos realidade. Alguém fora do padrão, loira dos olhos azuis.” E eu sabia do que ela estava falando, quando eu era mais nova minha diva era Hilary Duff! Me lembro de querer olhos azuis também. Então eu percebi que simbolizava algo às pessoas. E isso era o que importava. Até recentemente vivenciei coisas com meu pai com uma carga racial pesada. A maior parte do tempo tentei separar minha carreira da minha cultura porque não queria as pessoas me julgando baseado no meu visual se eles não fazem a mínima ideia de quem sou. E agora mais do que nunca, estou orgulhosa disso… Mas ainda preciso aprender espanhol. [risos]
KL: Millennials são muito criticados por serem mimados e sem direção. Você acha que somos incompreendidos?
SG: Eu acho que os Millennials são muito mais espertos do que o que dizem. Somos mais informados do que aparentamos e mais expostos a tudo o que está no mundo, somente por sermos criados na internet, o que é um pensamento um pouco assustador.
KL: O que você acha que diferencia a nossa geração das outras que vieram antes?
SG: Basicamente, eu acho que é a liberdade de nos expressarmos e de sermos quem somos. Graças a internet, não importa quem você é, você não está sozinho. Talvez um garoto, ou garota, crescendo em uma região sente medo e confusão por ser quem é porque não acha que aquilo é certo. Agora eles podem ver que ao redor deles, pessoas vivem livres de dores, de agendas escondidas, de segredos. Eu acho que segredos matam pessoas, de verdade. Você acaba tentando encobrir tanto de quem você é pelo bem da família ou qualquer outra pessoa, e você pensa que é muito mal por ser diferente. Então é muito poderoso ver nossa geração quebrar esses limites e encorajar outras pessoas a fazerem o mesmo. Existe um senso de liberdade que as gerações passadas não tiveram a oportunidade de vivenciar.
KL: Qual mulher é seu maior espelho?
SG: Meryl Streep sempre foi um dos meus ídolos por causa de sua elegância e habilidade de ser ela mesma e ainda assim dar vida a tantos personagens incrivelmente complexos e difíceis. Eu amo a forma como ela se sustenta. Eu me sinto assim também com a Grace VanderWaal, que tem tipo, uma 14 anos. Eu estava no Billboard Women in Music Awards ano passado com todas essas mulheres incríveis, ela estava radiante. Ela tinha esse conhecimento e sabedoria sobre si mesma que eu queria ter sobre mim. Ah, e eu realmente amo Amal Clooney. Eu sei que parece esquisito, mas eu ouvi muito sobre ela. Ela é simplesmente incrível, a forma que ela fala e pelo quê ela luta. Eu acho que gosto de um pouco de todas.
KL: Se você pudesse trocar de lugar com qualquer atriz do passado, com quem trocaria?
SG: Audrey Hepburn ou Molly Ringwald nos anos 80. Imagina como deve ter sido maravilhoso? Ela era ruiva e tinha sardas e era tão incrivelmente descolada. Ainda quero me vestir como ela em Pretty in Pink.
KL: Você acha que 2018 vai ser um ano melhor do que o que acabou?
SG: Eu vou dizer que sim porque eu acredito nisso pra mim mesma. E qualquer um que me conhece sabe que eu sempre vou começar cuidando da minha saúde e bem estar. Eu tive milhares de problemas com depressão e ansiedade, e eu fui muito aberta sobre isso, mas não é algo que eu acredito que vou superar algum dia. Não vai existir um dia em que eu vou dizer “Estou aqui nesse vestido lindo – eu venci!” eu acho que é uma batalha que vou ter que enfrentar pelo resto da minha vida, e não tenho problemas com isso porque sei que estarei escolhendo a mim mesma acima de qualquer outra coisa. Estou começando o ano com esse pensamento. Eu quero ter certeza de que estou saudável. Se minha saúde estiver bem, todo o resto vai se encaixar. Eu realmente não traço metas porque eu não quer me sentir frustrada se não conseguir alcançá-las, mas eu realmente quero trabalhar na minha música também. Meu próximo álbum está sendo produzido há uma eternidade. Quando me perguntam o motivo, eu sou sincera: É porque eu não estava pronta. Indo direto ao ponto, eu não me sinto confiante o suficiente sobre o lugar onde minha música está ainda. Se precisar de 10 anos, então levará 10 anos. Eu não me importo. No momento eu só quero ter um propósito em tudo o que fizer.
📽 | Selena Gomez para a Harper’s Bazaar 2018. pic.twitter.com/EDi8UGfNPI
— MediaSGBR (@MediaSGBR) 7 de fevereiro de 2018
Fonte: Harper’s Bazaar | Tradução: Selena Gomez Brasil.